sexta-feira, 26 de maio de 2017

Um Olhar Sobre A Época



Depois de analisar o trabalho do treinador, depois de olhar para o plantel, é ora de resumir aquilo que foi a época portista e procurar refletir.
Começando pela Liga dos Campeões. Por ter ficado em terceiro lugar na época anterior, o FC Porto teve de disputar o playoff de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, onde coube-lhe em sorte defrontar a AS Roma. Nessa altura muitos diziam que os Dragões não iriam chegar à fase de grupos da prova rainha do futebol europeu – houve até quem tivesse a certeza que o FC Porto ia perder em Roma e por muitos. Mas não foi isso que se passou. O FC Porto defrontou e eliminou a AS Roma rumo à fase de grupos da Liga dos Campeões. Uma vez nesta fase da prova, teve algumas dificuldades no grupo, é certo, mas conseguiu passar aos oitavos de final onde defrontou a Juventus. E aí não conseguiu vergar os Italianos, que recorde-se, são um dos finalistas da Liga dos Campeões. Portanto, não é uma equipa qualquer.
Quanto à Taça de Portugal, não há muito para dizer. O FC Porto caiu aos pés do Desportivo de Chaves, na 4ª eliminatória da prova, depois de eliminar o Gafanha da Nazaré. Contudo, o jogo em Chaves, frente ao Desportivo local, ficou marcado por erros graves de arbitragem que podiam, ou não, ter feito a diferença em caso de não terem existido.
Não há muito para dizer acerca da prestação portista na Taça da Liga, uma vez que foi, simplesmente, um desastre. Nos três jogos que disputou na prova, empatou dois e perdeu um.
O campeonato foi uma espécie de carrocel, com momentos bons, outros menos bons e alguns verdadeiramente complicados. Os Dragões começaram bem, perderam, injustamente, em Alvalade e arrancaram para uma sequência de jogos que alternaram entre o bom e o menos bom, com um tenebroso empate frente ao Tondela pelo meio. Nesta fase parecia que a equipa procurava encaixar-se no sistema de jogo. Depois veio aquela sequência de empates que deu cabo dos nervos dos portistas. A bola, teimosamente, não entrava na baliza adversária, mas felizmente, também não entrava na nossa. Nesses jogos o FC Porto pecou pela ineficácia no ataque, pecado que custou caro à equipa de Nuno, porque bastava, por exemplo, não ter empatado frente ao Benfica. Nesse clássico o FC Porto esteve muito bem – terá sido, por certo, dos melhores jogos do campeonato – mas apenas concretizou uma das muitas ocasiões de golo que teve. E para piorar, permitiu o empate no último minuto do jogo – Herrera, juro que perdoei esse teu triste deslise no dia que jogaste em esforço frente a Juventus, mas não vou conseguir esquecer esse duro golpe. Até que chegou o jogo frente ao Sporting de Braga no Dragão, aquele jogo em que os Dragões chutaram para canto a crise de golos. Nesse jogo, que parecia que ia ter um desfecho igual ao dos últimos, Rui Pedro, qual salvador, entrou em campo e, com nervos de aço e toda a determinação, fez o golo que deu os três pontos ao FC Porto. Fim da crise, entrada num ciclo de jogos que correu melhor – se retirarmos os jogos da Taça da Liga da equação. E a 7 de Janeiro, após um empate em casa do Paços de Ferreira – mais um daqueles jogos em que a bola, incompreensivelmente, teimou em não entrar na baliza adversária – voltaram a retirar o FC Porto das contas do título. Mas os Dragões reergueram-se, agarraram-se à esperança, ao apoio dos adeptos e recuperaram terreno num ciclo de jogos que iniciou com a recessão ao Moreirense e terminou na recessão ao Vitória de Setúbal. Pelo meio houve a receção ao Sporting que Casillas, no último minuto, salvou os três pontos. Voltando à receção ao Vitória de Setúbal. Nesse jogo o FC Porto tinha a oportunidade de passar para a frente do campeonato e, assim, ir numa posição mais confortável jogar à luz. Mas incompreensivelmente os Dragões empataram o jogo, desperdiçando, outra vez, muitas ocasiões de golo. Será que a equipa não soube lidar com essa pressão, que deveria ter sido positiva, e por isso não conseguiu fazer o que tinha de fazer, vencer? Será que a equipa deslumbrou-se? Ou será que de alguma forma teve medo de ser feliz? Seja porque razão for, tenho para mim que como esse jogo não correu dentro do esperado e desejado, terá funcionado como uma espécie de pedra na engrenagem e dessa forma, quebrou-se parte da confiança e da motivação da equipa. O jogo seguinte foi na Luz, onde o FC Porto empatou a 1 e, de facto, empatar na casa do rival direto não é, não pode ser, um mau resultado. O problema foi que, da mesma forma que o FC Porto não somou os três pontos frente ao Setúbal no Dragão, também os deixou escapar frente ao Sporting de Braga, frente ao Feirense e frente ao Marítimo e assim, não houve nada a fazer, a luta pelo título deixou de ser possível.
Já escrevi isto vezes sem conta, mas acredito que nunca é demais. O FC Porto perdeu pontos, demasiados pontos, por culpa própria, porque não conseguiu ser eficaz no ataque. Mas se revermos cada um dos jogos que o FC Porto empatou, sobra a sensação de que os Dragões ficaram sempre mais perto de vencer do que perder. Contudo, não podemos esquecer que em muitos jogos, demasiados até, houve erros de arbitragem que prejudicaram o FC Porto. Basta olhar para, por exemplo, o jogo com o Vitória de Setúbal em casa, em que houve três, três grandes penalidades por assinalar; ou a recessão ao Feirense em que ficou, pelo menos, uma grande penalidade por assinalar, num lance em que a falta era demasiado evidente. É impossível não sobrar a dúvida: será que se estas grandes penalidades tivessem sido assinaladas, a história seria diferente? Foram erros, muitos erros que prejudicaram o FC Porto e isso, lamento, nunca vou conseguir apagar da minha memória.
Em síntese: O primeiro objetivo para esta época era garantir a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões e isso foi conseguido. Depois passou a ser objetivo estar nos oitavos de final da prova rainha do futebol europeu. E com mais ou menos dificuldades, esse objetivo foi concretizado. A partir do momento em que no sorteio saiu a Juventus, o objetivo de passar à fase seguinte da prova complicou-se, pedindo-se apenas que a equipa fizesse o melhor possível. E o poderio italiano sobrepôs-se à vontade portista. Outro grande objetivo para a época era resgatar o título de campeão nacional. E esse, infelizmente, por diversos motivos – por culpa da ineficácia dos jogadores; por falha na resolução dos problemas por parte do treinador; ou por causa dos erros de arbitragem – o FC Porto não conseguiu concretizar. Mas analisando os números deste campeonato e comparando com o que se passou na época passada, este foi muito melhor. Só que não vencemos o campeonato e, de facto, tudo o resto não nos serve de muito.
Como já referi no post em que procurei analisar a prestação do treinador, Nuno foi capaz de, não só juntar o plantel, mas também juntar a equipa aos adeptos  numa simbiose perfeita; tal como transformou o Dragão numa fortaleza, contrariamente ao que aconteceu na época passada. Os adeptos perceberam que a equipa, apesar de jovem e de cometer erros não virava a cara à luta e apoiaram-na, suportando-a e empurrando-a nos momentos mais difíceis. A equipa ao somar 9 vitórias consecutivas fez com que a esperança dos adeptos subisse aos píncaros da crença, mas a descida foi abrupta quando não venceram os jogos no período mais determinante da época. É por isso que este golpe é duro e difícil de digerir, muito mais do que o foi na época passada.
Posto isto, para a próxima época, espero que a luta seja feita com armas iguais para todos; espero que o FC Porto continue a impor esta nova postura de comunicação – que muito me agrada e já tardava - mas que as ideias que o clube defende sejam partilhadas e defendidas por todos na estrutura sem exceção; que o treinador – seja ele quem for – dê um murro na mesa sempre que sentir que a sua equipa está a ser prejudicada por erros alheios; que nenhum jogador do FC Porto tenha medo de ser feliz; e espero que o apoio dos adeptos continue a ser uma constante, tal como o foi esta época e que tanto me delicia.




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