De volta às análises e reflexões depois de uma pausa para a
atualidade…
Depois de abordar a escolha do treinador e de procurar fazer
uma análise ao seu trabalho, é o momento de olhar para o plantel.
Mais uma vez, e tal como acontece quase todos os anos, o FC
Porto foi obrigado a reconstruir a equipa.
Estes jogadores que tiveram o privilégio de esta época
vestir a camisola azul e branca e carregar ao peito o símbolo do FC Porto,
tiveram, indiscutivelmente, o apoio incondicional dos adeptos, do início ao fim
das provas e que a partir de determinado momento, fizeram uma autêntica onda
azul chegar aos estádios por onde a equipa passava. Os jogadores corresponderam
a esse apoio com dedicação, competência, competitividade, empenho,
determinação. Ou seja, não podemos, de forma nenhuma, dizer que faltou atitude à
equipa do FC Porto. No entanto, falhou em momentos que não podia falhar e isso
é, sem dúvida, responsabilidade dos jogadores e equipa técnica. Contudo, não
podemos esquecer que o FC Porto foi, infelizmente, penalizado por erros de
arbitragem que complicaram a ação da equipa.
Posto isto, olhemos, setor a setor, para o plantel azul e
branco.
No que diz respeito aos guarda-redes, na baliza não esteve,
de todo, o problema. Casillas revelou-se mais adaptado ao FC Porto e realizou
uma boa época, protagonizando defesas tão espetaculares quanto importantes
como, por exemplo, aquela defesa no último minuto do jogo frente ao Sporting.
José Sá teve oportunidade de defender as redes nas taças, na de Portugal e na
da Liga, mas foram poucos os jogos.
No que se refere à defesa, esta época foi muito melhor que a
anterior. Marcano, tal como aconteceu na sua primeira época, voltou a ser o
patrão da defesa e teve a seu lado um parceiro à altura. Filipe chegou, cometeu
alguns erros nos primeiros jogos, mas adaptou-se rápido e com Marcano formaram uma
dupla difícil de bater. À esquerda fixou-se Alex Telles, o homem das
assistências; que depressa se adaptou ao FC Porto e agarrou o lugar sem dar
margem para dúvidas. Durante quase toda a época a lateral direita ficou
entregue a Maxi que a cada jogo deu tudo em campo. Todos juntos formaram uma
das defesas menos batidas da europa, recuperando a confiança que havia se
perdido na época anterior. Layun, pela força das circunstâncias – a chegada de
Alex Telles e a sua boa integração na equipa, bem como pela regularidade de
Maxi – acabou por perder espaço e, assim, não ser tão importante na manobra
ofensiva da equipa como tinha sido na época passada.
Quanto ao meio campo, nem sempre foi fácil combinar os
médios. Danilo foi o elemento mais regular e, junto com a defesa, ajudou a
equipa a equilibrar-se, dando, de quando em vez, uma ajuda na frente. E quando
o comendador não pôde dar o seu contributo, lá estava Ruben Neves para segurar
as pontas. André André e Herrera dividiram protagonismo no sector intermediário,
poucas vezes foram utilizados em simultâneo. Óliver é aquele jogador que faz
girar a roda, é o maestro desta equipa, mas para isso precisa de: 1 estar a
jogar no lugar certo; e 2 estar em forma. E notava-se bem quando o espanhol estava
cansado. Otávio, inicialmente, teve um papel fundamental na ala esquerda do
ataque; depois veio a lesão e um longo afastamento da equipa, regressando a
tempo de voltar a ser importante.
No que diz respeito ao ataque, foi onde residiram os maiores
problemas esta época. André Silva tinha a responsabilidade de ser o marcador de
serviço. É um jovem com larga margem de progressão, que fez a sua primeira
época ao serviço da equipa principal vindo da equipa B e da formação portista. Por
isso deveria ter sido suplente, ou ter jogado ao lado, de um ponta de lança
experiente a quem pertencesse a responsabilidade de fazer os golos. Assim o
André, que apenas tem 21 anos, poderia evoluir sem pressão, corrigindo os erros
que ainda comete, dando asas ao seu talento sabendo que não está sobre os seus
ombros o peso da responsabilidade de serem dele os golos. Mas só a partir de
Janeiro o número 10 dos Dragões teve, realmente, alguém com quem partilhar essa
responsabilidade. Diogo Jota foi importante numa primeira fase da época, em que
foi titular e em que fez dupla com André Silva. Numa segunda fase, o jovem
avançado passou a suplente, mas continuou a ser importante na medida em que,
muitas vezes, entrava e fazia golo. Corona esteve igual a si próprio, ou seja,
alternando boas exibições com outras sem nada de relevante; também teve a
infelicidade de parar durante alguns jogos. Soares entrou na reabertura de
mercado em Janeiro, proveniente do Vitória de Guimarães e depressa revelou-se
um reforço de peso para o ataque, qual lufada de ar fresco. Chegou muito a
tempo de dividir o protagonismo e a responsabilidade com André Silva. Rui Pedro
foi para o FC Porto uma espécie de salvador. Nuno apostou nele numa fase em que
a equipa atravessava uma grave crise de golos e o jovem acabou mesmo por
resolver o problema; depois voltou ao plantel da B, numa fase em que a equipa
precisava dos seus golos; e por fim, foi recrutado pelos sub19 para ajudar a
marcar. É um miúdo que precisa de evoluir sem pressões. Brahimi atravessou duas
fases distintas ao longo da época. Numa primeira fase não era, de todo, opção.
E numa segunda fase, recuperou confiança e agarrou o lugar no onze, voltando a
ser decisivo.
Em resumo, não será este o plantel de sonho, nem o mais
perfeito, mas foi com ele que o FC Porto foi à luta. Há jogadores muito novos,
com uma larga margem de progressão, com muita garra, atitude e grande querer,
mas aquém faltou maturidade e nervos de aço para enfrentar os momentos mais
determinantes. E esse foi o problema.
Gostava que o FC Porto não tivesse de vender nenhum jogador
importante; gostava que o FC Porto conseguisse manter grande parte dos
jogadores para que, juntos, pudessem crescer e evoluir mais, porque sei que tem
muito mais para dar. No entanto sei que isso não será possível e que, outra
vez, vamos ver muitos sair e outros tantos entrar, obrigando a reconstrução do
plantel.
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