O passado fim-de-semana ficou, não só marcado pelo empate do
FC Porto com o Vitória de Setúbal, mas também pelo antijogo que os sadinos
fizeram durante o jogo e desde muito cedo. O FC Porto mostrou-se, e bem, contra
esta prática. Mas esta arma não foi só utilizada pelo Vitória de Setúbal. Quem
não se lembra do jogo FC Porto x Sporting de Braga? Cujo guarda-redes, sempre
que tinha oportunidade, perdia tempo.
Eu percebo que as equipas ditas mais pequenas para fazerem
frente às ditas grandes - não consigo enquadrar neste role o Sporting de Braga,
porque uma equipa que quer ser grande recorrer ao antijogo é, no mínimo,
vergonhoso - necessitem de recorrer às armas que tem mais à mão e, sem dúvida,
uma delas é o antijogo. Mas será que não percebem que um dia essas mesmas armas
podem virar-se contra si? E será que não percebem que com essa atitude
antidesportiva quem fica a perder é o futebol?
Imaginem o que seria se o FC Porto tivesse recorrido ao antijogo
frente à Juventus. Talvez tivesse conseguido inervar a equipa italiana e, até
podia tirar algum benefício disso. Mas que imagem ficaria? A de uma equipa
medíocre a jogar com medo do adversário. Eu não gostava que o FC Porto fizesse
isso, prefiro lutar de igual para igual seja contra quem for.
Casillas, numa entrevista que será publicada na Revista
Dragões do mês de Abril e que o FC Porto divulgou parte dela, abordou este tema
dizendo: “Não estava habituado a isto em Espanha, porque isto não é normal. Até
entendo que aqui todas as equipas que jogam contra os grandes, seja FC Porto,
Sporting ou Benfica, procurem perder tempo, porque são estratégias. Cada um tem
a sua forma de jogar, mas evidentemente que não pode ser normal o guarda-redes
estar quatro, cinco ou seis vezes no chão ou um defesa cair no chão por nada. A
federação tem que estudar este tipo de casos e ter consciência de que isto não
pode acontecer no mundo do futebol.”. Não, isto não é normal e este tema
merecia uma reflecção urgente.
Cabe, então, à Liga e a FPF, entidades competentes na gestão
do futebol português, arranjarem medidas que visem a penalização das equipas
que recorram ao uso exagerado do antijogo. Sob pena do nosso campeonato
tornar-se, cada vez mais menos competitivo e, consequentemente, menos atrativo.
O campeonato Inglês e Espanhol, por exemplo, são compostos por equipas
ditas pequenas e por equipas ditas
grandes, mas são campeonatos competitivos. Bem sei que é, também, uma questão
de cultura, mas não é impossível procurar inverter esta tendência de recurso ao
antijogo.
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