sexta-feira, 24 de março de 2017

O Antijogo



O passado fim-de-semana ficou, não só marcado pelo empate do FC Porto com o Vitória de Setúbal, mas também pelo antijogo que os sadinos fizeram durante o jogo e desde muito cedo. O FC Porto mostrou-se, e bem, contra esta prática. Mas esta arma não foi só utilizada pelo Vitória de Setúbal. Quem não se lembra do jogo FC Porto x Sporting de Braga? Cujo guarda-redes, sempre que tinha oportunidade, perdia tempo.
Eu percebo que as equipas ditas mais pequenas para fazerem frente às ditas grandes - não consigo enquadrar neste role o Sporting de Braga, porque uma equipa que quer ser grande recorrer ao antijogo é, no mínimo, vergonhoso - necessitem de recorrer às armas que tem mais à mão e, sem dúvida, uma delas é o antijogo. Mas será que não percebem que um dia essas mesmas armas podem virar-se contra si? E será que não percebem que com essa atitude antidesportiva quem fica a perder é o futebol?
Imaginem o que seria se o FC Porto tivesse recorrido ao antijogo frente à Juventus. Talvez tivesse conseguido inervar a equipa italiana e, até podia tirar algum benefício disso. Mas que imagem ficaria? A de uma equipa medíocre a jogar com medo do adversário. Eu não gostava que o FC Porto fizesse isso, prefiro lutar de igual para igual seja contra quem for.
Casillas, numa entrevista que será publicada na Revista Dragões do mês de Abril e que o FC Porto divulgou parte dela, abordou este tema dizendo: “Não estava habituado a isto em Espanha, porque isto não é normal. Até entendo que aqui todas as equipas que jogam contra os grandes, seja FC Porto, Sporting ou Benfica, procurem perder tempo, porque são estratégias. Cada um tem a sua forma de jogar, mas evidentemente que não pode ser normal o guarda-redes estar quatro, cinco ou seis vezes no chão ou um defesa cair no chão por nada. A federação tem que estudar este tipo de casos e ter consciência de que isto não pode acontecer no mundo do futebol.”. Não, isto não é normal e este tema merecia uma reflecção urgente.
Cabe, então, à Liga e a FPF, entidades competentes na gestão do futebol português, arranjarem medidas que visem a penalização das equipas que recorram ao uso exagerado do antijogo. Sob pena do nosso campeonato tornar-se, cada vez mais menos competitivo e, consequentemente, menos atrativo. O campeonato Inglês e Espanhol, por exemplo, são compostos por equipas ditas  pequenas e por equipas ditas grandes, mas são campeonatos competitivos. Bem sei que é, também, uma questão de cultura, mas não é impossível procurar inverter esta tendência de recurso ao antijogo.


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